A humildade é um termo muito falado no meio holístico, mas será que todos sabemos o que é a humildade e o que é ser humilde? Costumamos associar a qualidade de se ser humilde a alguém simples, modesto, até ingénuo, mas será que, realmente, será apenas isso? É, realmente, a qualidade de quem age de modo simples, genuíno, assumindo as suas responsabilidades, qualidades e defeitos, sem arrogância ou prepotência.
Na sua origem etimológica, humildade provém de humilis em Latim (o que está próximo da terra), derivado do vocábulo humus (terra). No fundo, humildade é aproximarmo-nos naturalmente daquilo que é a nossa essência, ficarmos o mais próximos possível da nossa origem (terra/solo). Curioso que da mesma família etimológica temos o verbo humilhar (humiliare), que designa uma atitude e comportamento diametralmente oposto ao de alguém que age em humildade, pois existe uma ação ou comportamento com base na ideia de superioridade perante o Outro. Mas origens de palavras à parte, humildade é uma característica que implica maturidade e a integração de conceitos como aceitação e compreensão perante aspetos mais sombrios ou ainda em desenvolvimento no nosso Ser e nos outros. A capacidade de perceber que não somos mais que ninguém, Somos Todos Um, conectados em energia com a Fonte e uns com os outros, e, por isso mesmo, em igualdade de circunstâncias. É importante sabermos que não somos perfeitos, somos Seres Espirituais a ter uma experiência terrena e, como tal, vamo-nos construindo e aperfeiçoando ao longo do caminho, pois estamos num Processo de Aprendizagem e Aperfeiçoamento. A humildade permite-nos ter relações connosco mesmos e com os outros baseadas na compreensão e compaixão e também abandonar o estigma do julgamento e da crítica, porque sabemos que estamos no mesmo caminho de aprendizagem e evolução que todos os Seres que nos rodeiam. Em última instância, conduz a uma manifestação de sabedoria, pois temos a plena consciência de quem somos, de quem os outros são, de "pés bem assentes na terra", ciente das nossas limitações e capacidades, agindo de modo natural e genuíno. Saber que podemos sempre aprender ao longo do caminho, que não somos detentores da verdade (e que não existem verdades absolutas), que podemos sempre aprender com os outros que têm experiências e vivências diferentes das nossas e que isso é enriquecedor. Quem é humilde aceita plenamente que em determinados momentos pode ser uma mais-valia para outras pessoas e ajudar com o seu conhecimento e experiência, mas noutros momentos necessitará de quem lhe dê a mão e saberá aceitar receber essa ajuda sem se sentir humilhado ou minimizado no seu valor. Humildade está também relacionado com o processo natural de nutrição, de dar e receber de igual modo conforme as circunstâncias, um processo rico de interação humana que nos permite trabalhar uma energia poderosíssima – a gratidão. Temos, então, a possibilidade de vibrar numa frequência energética elevada, que nos conecta com a vibração do Universo e que nos permite crescer e evoluir em sabedoria, em felicidade, em alegria, conectados com a nossa Essência e conscientes do nosso papel nesta experiência terrena, connosco mesmos, com os outros e com o Planeta e Humanidade. Se nos deixarmos cair na arrogância ou soberba, acharmos que sabemos mais, que somos mais especiais, que somos "os eleitos" e que temos o conhecimento e, com isso, o poder sobre os outros, estamos a agir a partir do Ego. Nesse caso, não estamos a ser humildes e próximos da nossa essência, que é Amor. Com isso estamo-nos a afastar do nosso caminho de evolução, ascensão e sabedoria. É importante aceitarmos e integrarmos o Ego como uma parte de nós, deve existir o equilíbrio em nós entre o lado sombra e o lado luz, mas sem permitir que o lado que nos afasta do nosso caminho e de quem nós somos se sobreponha. Assim, ser humilde (naturalmente) é uma das formas de conexão genuína com a Essência, pois enquanto Energia que todos somos sabemos que não há separação, não há melhores nem piores, simplesmente existem diferentes experiências, o que nos faz, enquanto coletivo, sermos muito heterogéneos e, com isso mesmo, muito ricos na nossa diversidade que não nos separa, mas complementa. Artigo publicado na Edição de Setembro da Revista Portugal Holístico.
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Margarida Estevam Costa
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April 2023
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